de Emílio Carlos
Era uma vez dois
braços: o direito e o esquerdo.
O braço direito se
achava o melhor. Era ele quem penteava o cabelo, escovava os dentes,
pegava a colher na hora do almoço. Era o braço direito que coçava
a cabeça, o dedão do pé e até punha o dedo no nariz.
Enquanto isso o
braço esquerdo ficava só ali parado, olhando o braço direito com
um pouquinho de inveja... E o braço direito só fazendo tudo.
Às vezes o braço
direito precisava do esquerdo pra pegar alguma coisa mais pesada,
lavar o rosto, essas coisas. Mas só às vezes.
O braço direito
começou a dizer que o esquerdo tinha a mão boba (olha só que
coisa!). E disse que o esquerdo jamais seria esperto como ele.
O esquerdo disse:-
Isso é porque nosso dono é destro. Se ele fosse canhoto mais
esperto eu seria.
Mas o braço
direito... fingiu que não ouvia.
Um dia o braço
direito se machucou, foi ao médico e ficou enfaixado. Não podia
fazer nada, o coitado. Tudo doía, tudo era uma agonia.
Aí o braço
esquerdo se ofereceu para ajudar. O direito até resistiu um pouco;
mas precisava descansar para sarar e por isso mesmo aceitou.
O braço esquerdo
ficou todo feliz e foi logo pondo a mão na massa.No começo era
desajeitado, mas depois foi pegando o jeito. E fez que fez até que
era quase tão bom quanto o direito.
Então eles
perceberam que ninguém é melhor que ninguém e que um precisava do
outro. E mesmo depois de ter sarado o direito sempre chamava o
esquerdo para dar uma ajuda.