Super-hominho enfrenta o Monstro Verde
de Emílio
Carlos
Em uma tarde
tranquila na Escola Fundamental. Os alunos estavam no horário do recreio. Muitos
tomavam seu lanche, outros brincavam e apenas um lia um livro.
Era
Carlinhos lendo “De que são feitos os heróis” - seu livro preferido.
Carlinhos
era meio tímido, usava óculos e não gostava muito de correr. As meninas da 5ª
série passavam por ele e nem o notavam. E ele ficava ali lendo, entretido com
seu livro.
As vezes o
Tatá se sentava ao lado pra conversar um pouco com Carlinhos. Outras vezes
era a Bruna que vinha conversar um pouco.
Bruna. Ah, a
Bruna. Carlinhos gostava de Bruna. Era um amor secreto, mas tão secreto, que
nem o Tatá sabia. Nem a Bruna sabia. Só o Carlinhos sabia.
Carlinhos
lia seu livro e pensava na Bruna. Foi quando a Bruna chegou e disse com um
lindo sorriso nos lábios:
·
Oi Carlinhos.
O Carlinhos
levantou os olhos do livro e viu Bruna, cuja luz iluminava todo o pátio, toda
a escola, o mundo inteiro.
·
Oi – respondeu Carlinhos todo tímido,
ajeitando os óculos que tinham escorregado no nariz.
·
O que você está fazendo? - perguntou Bruna
querendo puxar conversa.
·
Lendo – respondeu Carlinhos mais sem jeito
ainda.
·
E... é legal o livro?
·
É sim – disse Carlinhos sorrindo. - Muito
legal.
·
Posso me sentar? - indagou Bruna
·
Cla-claro – disse Carlinhos dando lugar no
banco para Bruna.
Hoje era
dia! Carlinhos estava no céu. Nos dias em que Bruna vinha falar com ele
Carlinhos ficava tão feliz, mas tão feliz, que... era o garoto mais feliz do
mundo inteiro.
Bruna
sentou-se e os dois ficaram ali alguns segundos sem saber o que dizer.
·
É... - disse Bruna sorrindo.
·
É... - respondeu Carlinhos sorrindo.
O Tatá se
aproximou de Carlinhos. Mas vendo que o amigo estava ocupado com a Bruna
tratou de ficar uns dois passos atrás, só vendo a cena toda.
·
Sabe: eu acho que entrou um cisco no meu olho
– disse Bruna apontando o olho direito.
·
Puxa! - exclamou Carlinhos.
·
O velho truque do cisco no olho – pensou Tatá.
·
Olha pra mim? - pediu Bruna com jeitinho.
Quem
resistiria a um pedido desses? Quem não gostaria de ver os olhos da Bruna bem
de perto?
Carlinhos se
inclinou para ver os olhos de Bruna. Ela inclinou a cabeça e fechou os olhos.
·
É... Assim não dá pra ver – disse Carlinhos
sem jeito.
·
Olha! Ela quer um beijinho dele! - pensou Tatá
eufórico.
·
Vê se você adivinha – respondeu Bruna fazendo
biquinho com os lábios e esperando um beijo de Carlinhos.
·
Bem... - disse Carlinhos inclinando sua cabeça
na direção de Bruna.
·
Isso vai ser demais! - pensou Tatá vibrando de
emoção e pegando seu celular pra tirar uma foto.
Carlinhos
foi chegando perto de Bruna, perto de Bruna, cada vez mais perto de Bruna.
Ele já podia sentir o perfume dela.
Então
subitamente Carlinhos se levantou e saiu correndo. Bruna estranhou o
movimento brusco no banco, causado pela saída de Carlinhos, e abriu os olhos.
·
O que aconteceu? - perguntou ela ao Tatá.
Tatá
encolheu os ombros e respondeu:
·
Sei lá. Ele é muito tímido.
·
Ah – fez Bruna com beicinho de impaciência de
quem acabou de perder o primeiro beijo.
II
No vestiário
da escola – uma sala há muito tempo abandonada – Carlinhos tirou os óculos,
trocou rapidamente de roupa e se transformou no Super-hominho – um
super-herói sempre disposto a combater o mal.
·
Mesmo que isso custe o beijo da menina que eu
gosto – pensou o herói.
Rapidamente
Super-hominho saiu voando pelos fundos da escola. Ele tinha ouvido alguém
gritando por socorro. E o grito vinha do centro da cidade.
O
Super-hominho voou até lá à uma super-velocidade. E pôde ver, de longe, a
ameaça que aterrorizava a cidade: um monstro gigantesco e verde.
O monstro
pisava nos carros, destruía prédios com socos e grunhia como só um monstro
verde pode grunhir. O Super-hominho precisava pensar num plano. E rápido
porque o monstro verde destruía tudo por onde passava.
Na Escola
Fundamental a diretora dispensou os alunos mais cedo depois de ver na TV a
ameaça do monstro verde. E recomendou que todos fossem direto para casa e se
trancassem lá.
No portão da
escola Bruna disse à Tatá:
·
Eu não vou pra casa. Não agora.
·
Mas... a diretora recomendou que a gente fosse
direto pra...
·
Mas a diretora não é a responsável pelo jornal
da escola – retrucou Bruna interrompendo Tatá.
·
Oh, não! Você quer fazer uma matéria sobre o
monstro? - perguntou Tatá aterrorizado.
·
Claro! - respondeu Bruna – E você vem comigo.
·
Pra que? - quis saber Tatá.
·
Pra tirar fotos com o celular para minha
reportagem. Vamos lá. - disse Bruna já puxando Tatá pela mão.
Na cidade as
pessoas fugiam com medo do monstro. O Super-hominho voou alto e deu um
super-soco na cara do monstro. Mas o monstro nem sentiu. E deu um tapa tão
forte que lançou o Super-hominho contra um prédio. O super-herói bateu com as
costas no prédio e caiu. Os curiosos que estavam perto prenderam a
respiração.
Super-hominho,
ainda um pouco tonto, se levantou e voou de novo perto do monstro verde. Mas
nem chegou a acerta-lo, porque dessa vez o monstro verde acertou o
super-herói primeiro. O Super-hominho bateu com as costas em outro prédio e
foi ao chão. Tonto pela segunda pancada o super-herói disse:
·
Certo. Isso está sendo mais difícil do que eu
pensei.
Enquanto
isso Bruna e Tatá chegaram à cena.
·
Olha o tamanho dessa coisa! - exclamou Tatá
impressionado com o monstro.
Bruna
segurou firme no braço de Tatá e disse:
·
Me dê boas fotos, certo?
·
Mas Bruna: isso não tem nada a ver com a
escola – retrucou Tatá.
·
Ah é? E como você sabe que o monstro não vai
atacar a escola? - disse Bruna.
·
Bem... é... quer dizer... - tentou responder
Tatá.
·
Viu? Eu estou certa – disse Bruna encerrando a
discussão.
O
Super-hominho se levantou e voou de novo. E viu o monstro erguer a mão
monstruosa para destruir outro prédio. O super-herói precisava fazer alguma
coisa. Então ele disse:
·
Ei, monstrengo! Por que você não luta com
alguém do seu tamanho?
O monstro
olhou furioso para o Super-hominho. E ao invés de socar o prédio decidiu
socar o super-herói.
Lá embaixo,
na rua, Bruna viu a cena e exclamou:
·
Olha! É o Super-hominho!
Bruna falou
alto, mas tão alto, que o monstro ouviu e olhou pra ela. Bruna engoliu em
seco. Então o monstro curvou as costas e com a mão monstruosa pegou Bruna.
·
Socorro Super-hominho! - gritou Bruna
apavorada.
Nosso herói
até tentou dar outro soco no monstro. Mas com a outra mão o monstro deu um
peteleco no Super-hominho como se fosse uma mosca, e o super-herói voou
longe.
Sem outra
coisa pra fazer Tatá fotografou Bruna na mão do monstro.
·
Me solte senão eu vou gritar, hein? - ameaçou
Bruna na mão monstruosa do monstro.
Mas o
monstro verde não se deixou intimidar pela coragem da repórter. E deu mais um
passo, pisoteando dessa vez um ônibus – que por sorte já tinha sido
abandonado pelos passageiros pouco tempo antes.
Super-hominho
voou o mais rápido que pôde e gritou:
·
Largue a Bruna, seu monstro feio!
O monstro
tentou acertar o super-herói com outro soco. Mas dessa vez Super-hominho foi
mais rápido e se esquivou do golpe monstruoso. Com isso o monstro deu um soco
no ar, perdeu o equilíbrio e começou a cair. E na queda jogou Bruna no ar,
para o alto.
·
Socorro Super-hominho!!! - gritou Bruna
desesperada.
O
Super-hominho voou à velocidade da luz pegando Bruna no ar, em plena queda.
Então a levou para o outro lado da calçada.
·
Muito obrigada, Super-hominho! - exclamou
Bruna super-agradecida.
Mas o
Super-hominho nem teve tempo de responder. Porque logo ali o monstro perdeu
de vez o equilíbrio e parecia que ia cair em cima de um hospital.
O
Super-hominho precisava de um plano – e rápido. Então viu os fios de energia
elétrica que o monstro tinha arrebentado com uma das pernas e teve uma ideia.
Voou a uma velocidade super-sônica, e com sua super-força puxou os cabos.
O monstro
caía em câmera lenta. E foi aí que o Super-hominho laçou o monstro com os
cabos de aço e o puxou no ar, voando pra longe do hospital.
As pessoas
respiraram aliviadas enquanto o Super-hominho voava levando o monstro verde
para a lua. A salvo do perigo Bruna suspirou e disse:
·
Ai! Que super-herói!
Portanto
bandidos e monstros: cuidado. Porque o Super-hominho está sempre a postos
para nos defender!
(Fale com o Autor - emiliocarlos@yahoo.com.br)
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