O SUPER SAPO



A vida corria tranqüila em Brejolândia.
Girinos nadavam felizes no lago, perto da Mamãe Sapa.
Próximo dali vários sapos disputavam um campeonato de natação, enquanto o sapo-avô dormia após um belo almoço. O sapo-gordo não parava de comer moscas, enquanto Sapeca treinava salto de língua a distancia.
Enquanto isso Sapildo apenas ficava deitado na margem da lago. Ele escrevia e re-escrevia um nome na água com seu dedo. O nome da sapinha mais bonita do brejo: Sapiana. E suspirava, suspirava muito.
Desde que viu Sapiana pela primeira vez Sapildo sabia que era ela a sapa da sua vida. Mas ainda não tinha tido coragem de chegar na sapa e se declarar.
Cada vez que Sapildo chegava perto de Sapiana seu coração batia tão forte, suas pernas amoleciam, e ele não conseguia dizer nada além de “oi”, e depois sair correndo. Sapiana achava graça e continuava seu caminho.
O dia corria tranqüilo em Brejolândia. E foi aí que aconteceu. De repente todos ouviram um barulho muito alto. A terra tremeu, a água tremeu e todos ficaram com medo. Sapildo subiu numa árvore para ver melhor o que estava acontecendo. E pode ver um movimento numa parte do mato que cercava a lagoa. Mas não era um movimento qualquer, como faria um sapo ou até o vento. Não. Era uma movimento de um ser gigantesco, que se aproximava rapidamente de Brejolândia.
Não havia tempo de avisar a todos para se salvarem, porque a criatura já estava muito perto do lago. Só havia uma coisa que Sapildo podia fazer: descer da árvore, entrar numa moita e se transformar do pacato e calmo Sapildo em... Super-Sapo!
Voando acima do mato o Super-Sapo pôde ver o tamanho da criatura. Usando sua visão de raios-X ele viu o ser maligno que se aproximava do lago.
- Oh não! Largarto-rex!
Lagarto-rex era inimigo mortal de Brejolândia. Uma vez ele já tinha atacado os sapos e sapas da lagoa, mas tinha sido preso pelo Super-Sapo na prisão dos répteis. Agora ele tinha conseguido escapar e queria vingança. Aguçando ainda mais sua super-visão o Super-Sapo descobriu uma coisa terrível: Lagarto-rex estava indo na direção da casa de Sapiana, que estava varrendo o quintal de sua casa.
Lagarto-rex agora estava muito perto da casa de Sapiana. Pôs sua cabeça enorme pra fora do mato e disse: - Vamos ver quem eu vou almoçar primeiro!
Sua risada sinistra assustou os sapos e muitos ficaram paralisados de medo, sem conseguir se mover. O monstro se aproximou de Sapiana e ela deu um grito. Foi nessa hora que o Super-Sapo apareceu voando, pegou Sapiana no colo e a salvou do perigo, colocando-a no alto de uma pedra próxima.
- Ah, Super-Sapo. Era você que eu queria – disse o malvado réptil.
- Vá embora Lagarto-rex. Ou sofra as conseqüências. O que vai ser? – disse o Super-Sapo.
- Bem, deixe-me ver... – respondeu Lagarto-rex coçando o queixo com uma de suas garras afiadas – Acho que você vai sofrer as conseqüências!
E dizendo isso o monstro riu, e com seu rabo acertou o Super-Sapo que voou longe e bateu com a cabeça em uma árvore, caindo no chão.
Os sapos e sapas do lago se apavoraram. Só o Super-Sapo podia enfrentar o Lagarto-rex. E agora ele estava desacordado.
- É o fim de toda Sapolândia – disse o monstro rindo seu riso macabro.
- Não é bem assim, monstro! – respondeu Super-Sapo voando na direção do rex.
- Você de novo! – se irritou o monstro.
O Super-Sapo voou em torno do Lagarto-rex, que tentava acertá-lo com o rabo, mas não conseguia. O Super-Sapo era mais rápido que o imenso rabo do monstro.
A tática do Super-Sapo era dar várias voltas em torno do monstro até deixa-lo tonto. Mas Lagarto-rex percebeu seu plano e esticou a sua imensa língua grudenta, que pegou Sapiana em cima da pedra.
- Socorro Super-Sapo! – gritou ela cheia de medo e pavor.
- Pare Super-Sapo. Ou sua amiguinha vai sofrer – gruniu o monstro.
- Certo, já parei. – respondeu o super-herói pensando num jeito de salvar a amiga.
- Agora suma daqui antes que eu almoce sua amiga primeiro – ameaçou o rex.
- Mas você quer almoçar todo mundo... – argumentou o Super-Sapo.
- É, mas ela fica por último. Ou então será a primeira. – rosnou o monstro.
- Está certo, está certo – disse o Super-Sapo se afastando.
- Super-Sapo, não me abandone! – gritou Sapiana apavorada.
O Super-Sapo saiu voando e se afastou. Sapiana chorou, ainda presa na língua do enorme e fedorento Lagarto-rex, que disse:
- E agora eu vou almoçá-la, sua sapinha fofinha.
- Mas você disse que eu era a última – respondeu Sapiana.
- Menti – disse o monstro, se rindo todo.
- Acho que não! – gritou o Super-Sapo.
- O que? – estranhou o Lagarto-rex. E olhando para trás pode ver o Super-sapo voando e carregando um enorme tronco de árvore nas mãos.
- Tome isso, seu lagartão! – disse o Super-Sapo batendo com o tronco de árvore na cabeça do malvado rex, que na hora desmaiou, soltando a linda Sapiana.
O brejo inteiro aplaudiu. O Super-Sapo pegou um grande pedaço de cipó e amarrou as pernas e o rabo do malvado Lagarto-rex.
Nessa hora Sapiana se aproximou do Super-Sapo, lhe disse “obrigada” e lhe deu um beijo. O Super-Sapo ficou ali parado, feliz, com um grande sorriso no rosto. O público assoviou e aplaudiu.
- Desculpe Sapiana, mas tenho que levar esse vilão de volta para a prisão dos répteis.
E assim dizendo o Super-Sapo com sua força super-incrível saiu voando carregando o rex, enquanto Sapiana olhava admirada para ele e dizia:
- Meu herói! Acho que estou apaixonada!
Mais uma vitória do Super-Sapo. Por isso cuidado vilões. Brejolândia tem um protetor e o seu nome é Super-Sapo!

Emílio Carlos
emiliocarlos@yahoo.com.br