AS
FÉRIAS DA FORMIGA
De
Emílio Carlos
A
formiga Miga era muito trabalhadeira. Nos dias de sol ela pegava
folhas, preparava o almoço, lavava roupa e cuidava da casa. E nos
dias de chuva ela fazia crochê.
Miga
não parava nunca. Trabalhava desde que o sol nascia, e só parava
quando a noite caía. Daí lia um pouco e dormia.
Perto
dali moravam Carol Caracol e Linha, a abelhinha. As duas eram amigas
de Miga e também trabalhavam o dia todo, o ano inteiro. Nunca
tiraram férias na vida.
Porém
esse ano ia ser diferente. Porque Carol chegou e disse:
-
Gente: o que nós precisamos mesmo é de férias.
Miga
e Linha estranharam: “Como assim, férias?” – disseram elas.
E
Carol explicou:
-
Assim ó: férias. Ficar sem fazer nada, descansar, viajar um pouco... Tudo, menos trabalhar.
A
formiga e a abelhinha nunca tinham pensado em sair de férias. Mas
Carol já tinha tudo programado:
-
Já preparei tudo. Aqui estão as passagens do Cruzeiro Sapildo. Nós vamos viajar!
De
repente essa idéia pareceu tão atraente. Então a formiga Miga e a
abelhinha Linha disseram:
-
Oba!
Fizeram
as malas e no dia seguinte foram até o porto do lago. O sapo Sapildo
já estava esperando com seu barco na beira do lago.
Miga,
Carol e Linha deram as passagens para o sapo e subiram no barco. O
sapo Sapildo, sempre sorridente, tocou a buzina do barco e lá foram
eles atravessando o lago.
O
sol estava lindo e as três amigas ficaram apreciando a paisagem.
-
Ah, como é gostoso sentir o vento no rosto – disse Carol.
-
É. Tenho que concordar com você – respondeu Miga.
De
repente uma grande nuvem escura apareceu no céu. E o sapo disse:
-
Não tenham medo. Acho que a nuvem não vai passar por aqui.
Mas
o vento virou e a nuvem foi se aproximando do barco.
-
Não tenham medo. É só uma nuvem – disse o sapo.
Nessa
hora se ouviu um trovão e a nuvem começou a chover. As meninas
ficaram preocupadas. Mas o sapo disse:
-
Não tenham medo. É só uma chuvinha.
A
nuvem foi se aproximando do barco. E a chuva foi ficando cada vez
mais forte. As meninas já estavam ficando apavoradas. Mas o sapo
disse:
-
Não tenham medo. Esse barco é muito resistente – e sorriu, tentando acalma-las.
A
chuva ficou mais forte. O vento aumentou bastante. Ondas se formaram
no lago. As três amigas se seguraram para não cair. E o sapo disse:
-
Não tenham medo. Já enfrentei tempestades antes.
As
ondas balançavam o barco e o vento sacudia tudo. De repente uma
forte onda veio e cobriu o barco. As meninas não viram mais nada –
só um montão de água.
A
onda levou as três amigas para uma pequena ilha que ficava bem no
meio do lago.
-
Acho que eu bebi metade da água do lago – disse a formiga.
Sentadas
na praia elas viram o barco afundar no meio da tempestade.
-
Mas... e o sapo Sapildo? – perguntou a abelhinha.
-
Não sei. Acho que afundou com o barco – respondeu Carol.
-
É. Eu ouvi dizer que o capitão sempre afunda com o barco – disse a formiga.
As
três amigas ficaram tristes pelo sapo Sapildo. E preocupadas:
-
O que faremos? – perguntou a formiga Miga.
Nessa
hora elas ouviram uma voz que vinha do lago. Era o sapo Sapildo,
nadando como ele só:
-
Não tenham medo. Eu vou procurar ajuda.
As
amigas ficaram felizes pelo sapo, que foi nadando e nadando até
sumir lá longe. A chuva passou e o sol apareceu de novo.
-
Logo ele virá trazendo ajuda – disse a formiga sorrindo.
Mas
Carol estava muito preocupada:
-
Gente: pode levar dias, semanas, meses ou anos para ele voltar. Ele pode nunca mais voltar. E nós... vamos ficar aqui...
E
dizendo isso Carol desatou a chorar. Mas as amigas a consolaram:
-
Não tenha medo – disse a formiga.
-
Nós estamos com você – disse a abelhinha.
Carol,
ainda em lágrimas, respondeu:
-
Eu sei que vocês estão comigo. Mas... quem mais estará?
-
Como assim? – perguntou a formiga Miga.
-
Podem hvar monstros nessa ilha. Bichos enormes, cobras venenosas, areia movediça. E eu estou... COM MEDO!! – disse Carol chorando mais ainda.
Bem,
ela tinha razão em estar preocupada. Aquela ilha era desconhecida e
ninguém sabia o que podia encontrar. Por um momento a formiga e a
abelhinha também tiveram medo. Mas depois Linha disse assim:
-
Ei, eu tenho uma idéia. Vou sobrevoar toda a ilha e saber se vive alguém aqui.
-
Boa idéia! – exclamou a formiga.
E
então a abelhinha pôs suas asas pra funcionar e levantou vôo,
sumindo por trás das árvores.
-
Ela não vai voltar. Eu sei – disse Carol.
-
Pare com isso, Carol. Precisamos ter pensamentos positivos – disse a formiga.
-
Ta certo... Ela vai voltar. Mas toda machucada e sem uma asa, depois que um monstro feio e gordo ataca-la – disse Carol tremendo de medo.
-
Nada disso. – replicou a formiga – Vamos acreditar que as coisas vão dar certo. E tente se acalmar.
A
formiga Miga trouxe um pouco de água numa folha. Carol tomou e se
acalmou um pouco. De repente a abelhinha voltou:
-
Gente! Gente!
Carol
quase teve um treco. E perguntou assim com medo de perguntar:
-
O que?
-
Eu vi! – respondeu a abelha.
-
Eu sabia! Eu sabia! Monstros! Vamos embora daqui! – disse Carol em desespero.
-
Não, calma. Eu vi a ilha toda – completou a abelhinha.
-
E daí! – quis saber a formiga.
A
abelhinha pousou e respondeu:
-
A ilha é linda! E é deserta! Não tem mais ninguém aqui!
-
Ufa! Que alívio! – exclamou Carol.
-
Eu tenho uma idéia! – disse a formiga – Vamos dar um nome para essa ilha.
-
Mal qual? – quis saber Carol.
-
Já sei! – respondeu a abelhinha – A Ilha das Três Amigas!
-
Êba! – disseram todas, alegres por terem uma ilha só para elas.
A
ilha tinha muitas frutas gostosas. E as três amigas pegaram as
frutas e trouxeram para a praia. E então ficaram ali comendo,
tomando sol e olhando o lago.
-
Será que o sapo ainda vai demorar muito? – perguntou a formiga.
-
Não sei – respondeu Carol mordendo uma fruta – Por mim ele pode demorar o tempo que quiser. Aqui está tão bom.
As
amigas riram. Estavam felizes na sua ilha.
O
dia foi passando e então o sapo Sapildo chegou com outro barco. E
disse lá de longe:
-
Não tenham medo. Eu estou chegando.
-
Oh não. Bem na hora do nosso terceiro piquenique – disse Carol.
-
Eu tenho uma idéia – disse a formiga.
Quando
o sapo de aproximou da margem as meninas o convidaram pra o
piquenique. O sapo tirou fotos e no fim da tarde o barco zarpou. A
viagem pelo lago ia continuar.
Já
no barco as meninas olharam a ilha se afastando.
-
Adeus Ilha das Três Amigas – disse a formiga.
-
Um dia nós voltaremos – disse a abelhinha.
E
Carol, tomando o seu suco, exclamou:
-
Isso é que são férias!